domingo, 26 de fevereiro de 2012

Fluxos Migratórios



Fluxos para a Europa Central e do Norte



Fluxos para Portugal


Portugal sempre foi durante vários séculos – desde os tempos dos Descobrimentos – um país de emigrantes devido à necessidade de sobrevivência, situação que ainda decorre nos dias de hoje. Daí que haja várias comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, e seja raro um país no globo onde não exista um português ou alguém de descendência portuguesa direta. Mas este país de emigração e migração, começou também a tornar-se um país de imigração.
Nos anos imediatamente antecedentes e subsequentes ao 25 de Abril, Portugal começou a receber grandes fluxos de imigrantes, principalmente das ex-colónias africanas, de forma a compensar a escassez de mão-de-obra na construção civil, devido aos movimentos de emigração nos anos 60, para países como a França, a Alemanha, o Luxemburgo ou o Brasil e à mobilização de jovens do sexo masculino para a Guerra Colonial. Na década de 80 deu-se um grande “boom” na construção civil, e com isso acentuou-se ainda mais a vinda de imigrantes desses países, muitos deles em situação ilegal devido a patrões pouco escrupulosos, que não faziam qualquer contrato de trabalho, desconto ou pagamento de impostos sobre estes trabalhadores. Devido a serem mal remunerados ou não existir habitação suficiente, tornam-se moradores de bairros suburbanos e de bairros de barracas em concelhos limítrofes de Lisboa (Loures, Amadora, Oeiras, Sintra e Margem Sul), onde se instalam com a sua cultura e formas de estar. No princípio da década de 90, o nosso país começa a ser também destino de imigrantes provenientes do Brasil, devido à miséria, corrupção e constantes dificuldades da moeda brasileira – entre 1986 e 1994 existiram vários tipos de moeda brasileira, devido às constantes desvalorizações. Esta entrada
deveu-se em boa parte ao regime de isenção de vistos para “turistas” oriundos do Brasil. Para além da construção civil, estes imigrantes vieram preencher lugares nas áreas da hotelaria e comércio, mas também em áreas mais qualificadas como a medicina dentária e a própria medicina em geral.
Devido a estas facilidades de entrada no nosso país desenvolveram-se também redes de prostituição e de tráficos vários, não só para Portugal, mas também para outros países europeus, aproveitando a abertura de fronteiras entre países europeus decorrente do Acordo de Schengen. Ainda em meados da década de 90, Portugal começa a acolher imigrantes de países de Leste (Ucrânia, Rússia, Moldávia, Roménia, Bulgária), pois a queda do muro de Berlim, o fim dos tempos da Cortina de Ferro e da Guerra Fria e o desmembramento da União Soviética, provocaram grandes mudanças económicas nesses países, devido à espoliação dos patrimónios desses Estados (venda de indústrias, meios de comunicação social, empresas de extração, campos agrícolas, redução drástica no número de militares que compunham os exércitos e as polícias), o que levou a altas taxas de desemprego e de corrupção, provocando um grande êxodo de pessoas oriundas desses países não só para Portugal mas um pouco por toda a Europa.
Apesar de virem ocupar os empregos não qualificados já referenciados, muitas dessas pessoas eram trabalhadores com qualificações (professores, médicos, enfermeiros, engenheiros) nos seus países de origem. Nos dias que correm alguns já conseguiram obter equivalência, e trabalham um pouco por todo o país, na profissão que tinham na sua pátria. Muitos não conseguem, devido a estarem ilegais no nosso país, em boa parte devido às chamadas máfias de Leste que operam no tráfico de carne humana um pouco por toda a Europa e que confiscam passaportes e obrigam os que caem nestas redes a pagarem somas avultadas e/ou prostituírem-se em locais para o efeito. Devido a serem povos de países "fechados" (sem grande mobilidade interna e externa decorrente do peso excessivo da burocracia - passaportes, vistos, etc., sempre ligada à corrupção. Trata-se, no fundo, de criar dificuldades, para vender facilidades), com dificuldades de comunicação em línguas estrangeiras, pelo menos numa primeira fase, e a terem medo de represálias sobre eles ou seus familiares, tornam-se presas fáceis para estas máfias.
Durante a década de 90 várias eram as obras de construção civil que decorriam em Portugal devido sobretudo à realização da Expo 98, mas também ao surto de obraa públicas, o que fez com que tenha havido outros imigrantes de países menos habituais até então. Marrocos, Paquistão, Índia foram alguns dos países de onde chegou muita da mão-de-obra para as construções de auto-estradas, pontes, linhas de comboio e de metro, hotéis ou outros edifícios, requalificações de zonas que iriam servir de apoio à exposição e não só. Mais tarde começaram a montar negócios próprios ligados à venda de cartões de telefone, telemóveis e internet. Por cá ficaram muitos imigrantes, e ainda mais vieram para as posteriores “grandes” obras e requalificações de zonas e dos próprios estádios de futebol para a realização do Campeonato da Europa de Futebol 2004.
No princípio do milénio deu-se também uma grande vaga de imigrantes chineses, mas estes foram criando os seus próprios negócios ligados à restauração (quem nunca foi ao restaurante chinês) e às lojas de artigos de preço reduzido (mas de qualidade duvidosa), beneficiando de novas leis internacionais de comércio (e da adesão da China à Organização Mundial do Comércio - instância globalizadora) e de isenções de pagamento impostos durante os primeiros anos. Hoje muitos destes vários imigrantes continuam ilegais no nosso país com trabalho precário e/ou a serem explorados, outros foram-se espalhando um pouco pelo resto da Europa e outros, devido ao desemprego na construção civil, engrossam as listas de desemprego e pedidos de auxílio na segurança social e até, como entretanto fazem muitos brasileiros e angolanos, pedem apoio para regressar aos seus países, alguns dos quais em fase de crescimento económico (o Brasil e angola, por exemplo, se bem que como de costume, a realidade e a propaganda política não coincidam e sbsistam muitas desigualdades).
Para além destes imigrantes existem outros oriundos da Europa Central e do Norte (alemães, holandeses ou ingleses) que, devido ao seu alto poder de compra, ou se vão estabelecendo no nosso país para “gozar” a reforma, e/ou para exploração de culturas agrícolas e empreendimentos de turismo em várias zonas, principalmente do Alentejo e do Algarve. Apesar de Portugal ser um país que sempre foi de emigração (típico da Europa do Sul) e não estar habituado a tão grandes volumes de imigração, ter poucas leis (e práticas) que integrem e protejam os imigrantes de modo suficiente (mesmo sendo um país que acolhe bem os estrangeiros, em comparação com o resto da Europa), torna-se importante um programa de naturalizações de estrangeiros, com educação e formação na língua, tradições e hábitos nacionais, assim como os direitos e deveres, para além do controlo de pessoas e mercadorias nas fronteiras na Europa. Talvez seja regredir, mas provavelmente seja necessário, para não haver entradas de pessoas e comércio sem qualquer fiscalização. Mas com estas vagas de emigração e imigração, o nosso país tornou-se mais aberto à absorção daquilo que outras culturas nos trazem. São alguns exemplos disso a música, onde os ritmos africanos e brasileiros existem em muitas discotecas e bares; a gastronomia, com os restaurantes chineses e a sopa de barbatana de tubarão, os restaurantes típicos brasileiros com os churrascos, picanha e caipirinhas ou ainda os restaurantes indianos com o caril e as chamuças; ou no vestuário, onde as havaianas e bikinis brasileiros ou a roupa larga e de tecidos finos oriundos de Índia e Marrocos são moda no Verão; para além da cachupa de Cabo Verde ou da muamba de Angola.

(Adaptado)

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