quarta-feira, 6 de junho de 2012

Trabalho e Sociedade







Poucos documentos serão mais eloquentes que o filme "Tempos Modernos" (1936)  do grande Charles Chaplin ("Charlot"  1889 - 1977) para retratar fielmente mas com sarcástica mordacidade o mundo do trabalho saído da Revolução Industrial em que o ser humano é tornado peça de uma gigantesca engrenagem mecanizada. É apenas mais um elemento da enorme cadeia de produção que, primeiro no Norte da Europa, depois nos Estados Unidos e depois ainda um pouco por todo o mundo, levou enormes multidões a abandonar o mundo rural e a afluir às cidades (ou aos seus arredores) e iniciar um tipo de vida de produção "militarizada", com ritmos intensos e muito afastados dos da Natureza, basta pensarmos nos turnos que garantem a laboração contínua durante 24 horas por dia.
As pessoas acorrem como mão-de-obra barata para melhorar as suas condições de vida, mas pelo menos numa primeira fase, não foi bem isso o que aconteceu. As longas jornadas de trabalho (16, 12, 10 e só após muita luta, 8 horas diárias), os ritmos infernais, a repetição exaustiva de tarefas, o ambiente poluído, a falta de condições de higiene e segurança, a opressão patronal e a precariedade dos vínculos originaram uma sociedade que marcou todo o século XX (sendo o Barreiro um dos seus maiores exemplos) e que entrou em colapso quando se encontrava numa fase optimizada da sua evolução histórica (ver "Taylorismo"  e "Fordismo") .
A globalização conseguiu transferir este tipo de existência para os países do chamado Terceiro Mundo, pois por lá os factores de produção são muitíssimo mais baratos, e provocar o desemprego e a desregulação nos países outrora industrializados.