sexta-feira, 7 de março de 2014

Cultura, Língua e Comunicação - Conceitos 1








A noção de Cultura varia de acordo com o contexto em que é utilizada. Se numa acepção mais "erudita" do conceito significa o Saber académico e as Belas-Artes, já na acepção das Ciências Sociais implica tudo o que as comunidades e sociedades humanas produzem ao nível material e imaterial, desde os artefactos e técnicas aos valores e padrões de comportamento.
Nas Ciências Sociais o conceito de Cultura designa um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais artificiais (isto é, não naturais ou biológicos) aprendidos de geração em geração por meio da vivência em sociedade.
A Cultura é assim o modo como os seres humanos vivem a Natureza que, no seu sentido mais amplo, é equivalente ao mundo natural ou universo físico. O termo "natureza" faz referência aos fenómenos do mundo físico, e também à vida em geral. Geralmente não inclui os objectos artificiais, ou seja, fruto do artifício humano, construídos pelo homem. Por isso, tudo o que fazemos, mesmo o mais “natural”, da alimentação à sexualidade, é  mediado pela Cultura. A Cultura é evolutiva, isto é muda com o tempo e varia no espaço, as nossas habitações não são iguais ás dos antigos romanos, mas os ninhos das andorinhas de hoje são idênticos aos que as andorinhas faziam no tempo de Júlio César ou de Tutankamon.
Podemos dizer que pela dimensão da Natureza todos somos iguais, entre nós e com os outros seres naturais; é na Cultura que residem as diferenças.
Somos então naturalmente idênticos e culturalmente diferenciados. A Cultura é o modo que cada comunidade encontrou para se adaptar à Natureza, podemos  pois, falar em pluralidade de Culturas.
 
O fenómeno dos Fluxos Migratórios contribui fortemente para o encontro de Culturas - existem casas de fados em Paris, restaurantes italianos, chineses (em que até experimentamos comer com os "pauzinhos"), japoneses e indianos, mas também argentinos e brasileiros, um pouco por todo o mundo. Vêem-se trajes e penteados africanos na Europa e na América e o fast-food de origem norte-americana, mas não só, também com origem no Médio Oriente (a pita shoarma e o kebab, por exemplo), encontra-se vulgarizado por todo o Globo.
Já no século XVI, Lisboa era chamada a cidade de "muitas e desvairadas gentes", por ser a capital de um Império multicultural que ia do Brasil à Índia, passando por África.
Os Fluxos Migratórios e a facilidade das comunicações electrónicas, com a internet, com uma economia e trocas comerciais planetarizadas, estão a criar uma Sociedade Global em que coexistem formas de expressão cultural e artística com muitas origens, que se influenciam e sintetizam mutuamente, constituindo expressões fusionais em que, no entanto, se conseguem vislumbrar os elementos constituintes. A música e as artes plásticas são exemplos desse Cosmopolitismo cultural.
As nossas necessárias Enculturação (processo de condicionamento e/ou de aprendizagem, consciente ou inconsciente, formal ou informal, mediante o qual um indivíduo, no decorrer da vida, apreende os padrões gerais de sua cultura) e Socialização (o processo de integração do indivíduo numa sociedade, apropriando comportamentos e atitudes, modelando-os por valores, crenças, normas dessa mesma culturas em que o indivíduo se insere) ocorrem também enquanto formas de Aculturação (todo o fenómeno de interacção social que resulta do contacto entre duas ou mais culturas).Ora, o que hoje se passa neste domínio é uma espécie de Aculturação Global em que será desejável que se mantenham traços identitários e não uma amálgama indiferenciada.