quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Códigos Institucionais e Comunitários

Immanuel Kant (1724-1804) é um dos maiores vultos do pensamento em geral e do pensamento ético e deontológico em especial. A sua Ética funda-se na noção do Dever como, e numa linguagem muito simplificada, instância de compatibilização entre meios e fins.
Assim o procedimento moral é apenas o que fôr universalizável e esta noção é o principal pilar de todos os códigos deontológicos.
Para o entendermos nada como ler as palavras do próprio Kant:
"No reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite equivalente, então ela tem dignidade". (FMC, II)

TAREFA:
Comente este excerto tendo em conta a necessidade de proceder deontologicamente.

domingo, 19 de outubro de 2008

Empatia, Compaixão e Solidariedade


A identidade estabelece-se através de um conjunto de vínculos que permitem, a cada um de nós, reconhecer-se e ser reconhecido. Um nome próprio e um nome de família que nos identificam enquanto indivíduos pertencentes a um primeiro grupo, naturais de uma determinada freguesia, munícipes de um determinado concelho, cidadãos de um país e do mundo.
Nesse mundo, nesse país, nesse concelho, nessa freguesia e até, nessa família, há, certamente, outros indivíduos que constituem, face a um sujeito, os referentes daquilo a que se pode chamar a alteridade.
A alteridade é tudo aquilo que é da ordem do exterior a nós, o que é próprio do "Outro" ( alter). A relação que se estabelece entre o mesmo e o outro, entre o idêntico e o diferente, é a relação que permite aceder ao mundo. O autismo, por exemplo, significa a ausência da ponte entre o mesmo e o outro e, assim, o mundo permanecerá sempre desconhecido; ora, o que permanece desconhecido, permanece inexplorado, inacessível e significa uma espécie de "condenação" a viver na incomunicabilidade. Só a saída da sua própria esfera permite o acesso à realidade, na sua plenitude e diversidade.
Falamos da realidade existencial mas também da realidade social que é uma das dimensões da existência; e nessa dualidade, entre o ser que se situa num contexto circunstanciado por Tudo o que lhe é outro, é essencial o estabelecimento de pontes entre o sujeito e os grupos de pertença em que este está inserido como elemento autónomo, mas em relação.
As palavras chave dessa relação são a empatia, a relação compassiva e a solidariedade.
A empatia significa a participação afectiva e emotiva numa realidade que lhe é, em princípio, alheia ; esta capacidade de estar em sintonia e de reconhecer identidade, ou seja, de reconhecer o que nos é próprio, mesmo naquilo que está fora de nós, aproxima os seres humanos. Muitas vezes, essa empatia é mesmo inconsciente: sente-se, antes de se querer. Mas a vontade pode também ser um factor propiciatório ao estabelecimento da empatia. A palavra " empatia" é próxima da simpatia e tem com esta, um radical comum: pathos, ou " paixão" que, com o logos e o ethos, configura o triângulo que nos torna humanos.
Enquanto o pathos remete para a afecção, o logos remete para a razão e o ethos para o dever.
A empatia liga-se à reacção compassiva face ao outro e ao seu sofrimento; compassiva, significa que manifesta compaixão e compaixão decompõe-se em "com + pathos" - que quer dizer, capacidade de sofrer com - de sentir e partilhar o pathos do outro e, assim, ser capaz de assumir o descentramento de si próprio e a abertura necessária ao acto solidário. Temos assim, ligados, três pilares fundamentais da relação EU - OUTRO : a empatia, a reacção compassiva e a solidariedade que, para se efectivar, se traduz necessariamente, em acções solidárias.
Nota: reflicta no conteúdo deste texto, como base para a abordagem da temática suscitada pela Ficha 1 ( que já foi distribuída).