terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Crescimento e Desenvolvimento



1.0 INTRODUÇÃO:


O desenvolvimento humano deve ser entendido como um processo global. É um termo amplo que se refere a todos os processos de mudança pelos quais as potencialidades de um indivíduo se desdobram como novas habilidades, qualidades, traços e características correlacionadas. Inclui os ganhos de longo prazo e relativamente irreversíveis do crescimento, maturação, aprendizagem e realização.


O crescimento é um dos componentes do desenvolvimento e significa divisão celular com consequente aumento da massa corpórea. O crescimento pode ser medido através da balança, da fita métrica e de outros instrumentos, como o adipómetro (aparelho que mede a gordura subcutânea).


O desenvolvimento pode ser analisado sob quatro aspectos:

Aspecto físico–motor: refere–se ao crescimento orgânico, à maturação neuro-fisiológica, à capacidade de manipulação de objectos e de exercícios  com a utilização do próprio corpo.

Aspecto intelectual: é a capacidade de pensamento, de raciocínio.

Aspecto afectivo–emocional: é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. 

Aspecto social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.


Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses quatro aspectos são indissociáveis, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos (o intelectual em Piaget; o afectivo-emocional em Freud; o social em Erikson).


2.0 DESENVOLVIMENTO:

2.1 – Factores de crescimento e desenvolvimento

2.1.1 – Factores genéticos:

 A herança genética (património genético ou hereditariedade)) é a propriedade dos seres vivos transmitirem as suas características à descendência. O material que inicia a vida consiste no citoplasma e núcleo do ovo fertilizado. O núcleo contém os genes, metade recebidos do pai e metade da mãe, que se localizam nos cromossomas. Todas as características do indivíduo estão na dependência dos genes herdados, incluindo o crescimento e o desenvolvimento.
As particularidades individuais do organismo condicionadas pela herança formam o que se denomina constituição e portanto a predeterminação atrás referida é um aspecto constitucional e como tal escapa à acção de qualquer procedimento modificador de ordem médica.
A herança genética (hereditariedade) é responsável não somente pela ampla variação dos atributos normais da espécie (cor dos olhos, cor dos cabelos, estatura, forma corporal, etc.), mas também pela transmissão de genes anormais capazes de alterar o ritmo de crescimento e desenvolvimento (trissomia 21, hemofilia, etc.).
2.1.2– Factores neuro-endócrinos:

Os sistemas nervoso e endócrino interagem de maneira complexa. O cérebro, principalmente via hipotálamo, regula a secreção de hormonas, que por sua vez agirão retroactivamente sobre o encéfalo modificando a sua actividade.
O hipotálamo age como um centro receptor e distribuidor de mensagens, controlando a função hipofisária na produção e libertação de hormonas tróficas, permitindo a actividade normal de todas as glândulas do organismo e ordenando os impulsos dos órgãos terminais efectores.
Alguns núcleos hipotalâmicos já foram identificados como responsáveis por funções neuro-endócrinas de grande interesse em pediatria, como é o caso do crescimento. O facto de que lesões hipotalâmicas podem alterar o crescimento e o desenvolvimento da criança é demonstrado por inúmeros exemplos na clínica: puberdade precoce, puberdade atrasada, anomalias do crescimento, hipogonadismo hipogonadotrófico, diabetes insípido, hipertiroidismo hipotalâmico.

2.1.3 – Factores Nutricionais:

Têm–se dito que crescer é sinónimo de proteinizar, isto é, reter nitrogénio (azoto). A proteína é o único material, insubstituível e fundamental do crescimento e da reconstrução incessante. A albumina leva em si a excelência do crescimento. O nitrogénio como elemento específico de crescimento não se acumula em depósitos como ocorre com os hidratos de carbono e as gorduras, mas destina–se na sua quase totalidade à histogénese (desenvolvimento dos tecidos orgânicos).
Os hidratos de carbono constituem a fonte de energia mais comum e mais barata, de fácil digestão e absorção desde o início da vida.
As gorduras, além de serem fonte poderosa de energia, constituem material indispensável para a constituição do protoplasma, são veículos de vitaminas lipossolúveis, contribuem para o sabor dos alimentos e para a sensação de saciedade, são essenciais para a síntese de esteróides.
Quanto aos minerais, a criança necessita de pelo menos 12 minerais em quantidade adequada para formação de novos tecidos.

2.2 – Delimitação dos grupos etários:
O período total de crescimento e desenvolvimento está dividido em duas etapas fundamentais separadas pelo momento obstétrico (parto): período pré – natal e pós-natal. O momento obstétrico representa talvez a experiência mais perigosa de toda a vida de um indivíduo. Entretanto, o feto encontra-se preparado para o enfrentar. Há um revestimento de gordura suficiente para proteger as suas vísceras e assim o defender do frio extra-uterino, as suas articulações são dotadas de grande amplitude de movimentação e o seu cérebro é mais resistente à anóxia  (privação de oxigénio) do que em qualquer outra fase da vida extra uterina.


A divisão etária do período de crescimento e desenvolvimento adoptada nos Departamentos de Pediatria das Faculdades de Medicina é a seguinte:

Período pré – natal:

- embrionário: primeiro trimestre


- fetal precoce: segundo trimestre


- fetal tardio: terceiro trimestre

Período pós – natal:

- neonatal: 0 a 28 dias
 
- infância:

- lactente dos 29 dias aos 2 anos exclusive

- pré-escolar: dos 2 anos aos 6 anos exclusive

- escolar: dos 6 anos aos 10 anos exclusive

- adolescência:

- pré-puberal: 10 anos aos 12 – 14 anos

- puberal: 12 – 14 anos aos 14 – 16 anos

- pós-puberal: 14 – 16 anos aos 18 – 20 anos

3.0 CONCLUSÃO

O indivíduo desenvolve controle neuromuscular, destreza e traços de carácter, funções que só podem ser medidas por meio de testes ou provas funcionais. Maturação e diferenciação são muitas vezes termos empregues como sinónimos de desenvolvimento.

Crescimento e desenvolvimento constituem a resultante final da interacção de um conjunto de factores, que podem ser divididos em extrínsecos (ambientais) e intrínsecos (orgânicos). Entre os factores extrínsecos essenciais para o crescimento encontram-se a ingestão de dieta normal, a actividade física e toda a estimulação bio-psico-socio-cultural (ambiental no sentido "humano"). Os factores intrínsecos são representados fundamentalmente pela herança genética (património hereditário) e pelo sistema neuro-endócrino (sistema nervoso, em toda a sua complexidade, e glandular interno).
 
Márcio Amorim (adaptado por António José Ferreira)


Um comentário:

Unknown disse...

Gostraia de saber a referencia das imagens do desenvolvimento.