segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ética ou Éticas ?


Uma das principais distinções que se podem estabelecer no campo da Ética é entre as éticas materiais e uma ética formal. Assim, enquanto as éticas materiais tendem a prescrever ou interditar acções em concreto, uma ética formal procurará enunciar os modos da acção que sejam universalizáveis.
Um dos exemplos mais importantes e típicos das éticas materiais é o Decálogo ou “Dez Mandamentos”, aí se indicam actos a praticar: “Honrarás pai e mãe” e, sobretudo, a evitar: ”Não matarás” ou “Não cobiçarás a mulher do próximo”.
Se estendêssemos esta lógica a todas as acções a fazer e a evitar teríamos uma lista infindável e que, ainda por cima, variaria em termos culturais e religiosos. Por exemplo, enquanto um muçulmano ou um judeu não deverão comer carne de porco, já um cristão pode fazê-lo; se a questão for beber álcool, só o muçulmano estará interdito.
Se a lógica for a da ética formal será mais fácil, sintética e positiva a sua formulação. Por exemplo, o mandamento: “Age de tal maneira que trates tanto a tua pessoa como a do próximo, sempre e simultaneamente como um fim e nunca simplesmente como um meio” – enquadra-se nesta caracterização.
As éticas podem ainda diferenciar-se quanto à ponderação das relações entre meios e fins. Neste caso podemos falar de éticas finalistas, em que a importância dos fins sobreleva claramente a dos meios e de éticas deontológicas, em que meios e fins se compatibilizam.
O Utilitarismo ou o Pragmatismo, por exemplo, são éticas finalistas, já a ética de Kant (1724 – 1804) é uma ética deontológica, pois exprime a primazia do Dever sobre as próprias conveniências mesmo para além das circunstâncias.
O principal eixo da diferença é a consideração da possibilidade ou não possibilidade da constituição de uma ética universal, se a resposta for negativa estaremos condenados ao puro relativismo e a sermos governados por meras contingências.                                                                   

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