Uma das principais distinções que se podem estabelecer
no campo da Ética é entre as éticas materiais e uma ética formal. Assim, enquanto as éticas materiais tendem a prescrever ou interditar acções em
concreto, uma ética formal procurará enunciar os modos da acção que sejam
universalizáveis.
Um
dos exemplos mais importantes e típicos das éticas materiais é o Decálogo ou
“Dez Mandamentos”, aí se indicam actos a praticar: “Honrarás pai e mãe” e, sobretudo,
a evitar: ”Não matarás” ou “Não cobiçarás a mulher do próximo”.
Se estendêssemos esta lógica a todas as acções a fazer
e a evitar teríamos uma lista infindável e que, ainda por cima, variaria em
termos culturais e religiosos. Por exemplo, enquanto um muçulmano ou um judeu não
deverão comer carne de porco, já um cristão pode fazê-lo; se a questão for
beber álcool, só o muçulmano estará interdito.
Se a lógica for a da ética formal será mais fácil,
sintética e positiva a sua formulação. Por exemplo, o mandamento: “Age de tal
maneira que trates tanto a tua pessoa como a do próximo, sempre e
simultaneamente como um fim e nunca simplesmente como um meio” – enquadra-se
nesta caracterização.
As éticas podem ainda diferenciar-se quanto à
ponderação das relações entre meios e fins. Neste caso podemos falar de éticas
finalistas, em que a importância dos fins sobreleva claramente a dos meios e de
éticas deontológicas, em que meios e fins se compatibilizam.
O Utilitarismo ou o Pragmatismo, por exemplo, são
éticas finalistas, já a ética de Kant (1724 – 1804) é uma ética deontológica,
pois exprime a primazia do Dever sobre as próprias conveniências mesmo para
além das circunstâncias.
O principal eixo da diferença é a consideração da possibilidade ou não
possibilidade da constituição de uma ética universal, se a resposta for
negativa estaremos condenados ao puro relativismo e a sermos governados por
meras contingências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário