segunda-feira, 26 de maio de 2008

Capacidade Argumentativa

No contexto de uma sociedade democrática, demais a mais, praticamente "governada" pela opinião, a capacidade de argumentar constitui-se como uma competência fundamental para a vida em sociedade.

Efectivamente a distinção entre o modo de vida democrático e todos os outros, encontra-se fundamentalmente na importância da deliberação em orgãos de carácter colegial que implica um processo de tomada de decisões precedido e, muitas vezes, sucedido de debates. Ora nesses debates a força dos argumentos veio historicamente substituir os argumentos da força, típicos das sociedades não democráticas.

Nas sociedades dirigidas por orgãos que se regem por mecanismos deliberativos as ordens política e jurídica, mas também as questões de natureza eminentemente social como os costumes, a moda, a arte, o desporto e todos os fenómenos de massas, são susceptíveis de debates em que a capacidade de argumentar se revela essencial para a conquista da adesão do maior e mais qualificado número de membros do auditório (por vezes uma e outra condição não são totalmente coincidentes) .

Foi na Grécia Antiga que se começou a levantar a importância do debate e da deliberação colectiva como processo de tomada de decisão para os assuntos de natureza pública, precisamente por ter sido em Atenas, velha e próspera cidade-estado da antiga Grécia, que primeiro se constitui um sistema de governo com instituições democráticas em que os cidadãos e ápenas estes, se reuniam em assembleias e tribunais e decidiam dos negócios públicos.

Surgiram então profissionais da formação para o debate, que os cidadãos abastados contratavam para que treinassem os seus filhos nessas artes; esses formadores ficaram conhecidos por "Sofistas" e a técnica em que eram especialistas é a Retórica ou arte de argumentar.

O objectivo da Retórica era e é, persuadir a audiência para que esta apoie determinados pontos de vista em detrimento de outros e para isso chegam-se muitas vezes a utilizar técnicas de manipulação que passam muitas vezes pela adulação do auditório, ou seja, diz-se ao público aquilo que ele quer ouvir. Ora, isto põe geralmente em causa os princípios da seriedade, da verdade e do bem comum, que deverá ser o objectivo final de toda a decisão em termos de políticas públicas.

Para ilustrar o tema deixem-me contar-lhes uma pequena história :

Um camponês acabara de adquirir uma bezerra, mas tendo tido oportunidade de emigrar temporariamente para França, pediu a um vizinho que lhe ficasse com a vitela e assim foi. Durante dois anos consecutivos o nosso emigrante esteve lá fora e não deu novas, nem mandadas e o que cá ficou foi tratando e engordando a bezerra que entretanto se tornou numa enorme vaca leiteira, bem tratada e muito produtiva.

Ao fim dos tais dois anos sem dar notícias, o emigrante regressa à terra natal e vai ter com o vizinho de quem reclama a vaca, o vizinho recusa-se a entregar-lha sem tornas, alegando que durante dois anos contribuira sozinho para o sustento e crescimento da vaca e isso tivera custos, portanto só devolveria o animal contra uma indemnização; o outro recusou-se a dar-lha e o caso foi para tribunal.

Acontece que na vila sede do concelho só havia um advogado (deve ter sido há muito tempo), pelo que num dia foi lá o emigrante e o advogado garantiu-lhe:

- Esteja descansado porque a vaca é sua !
O outro ao ser notificado de que uma queixa relativa à devolução da vaca corria contra ele, decidiu recorrer ao tal advogado que era o único que existia e o causídico à saída do consultório garantiu-lhe peremptoriamente :

-Esteja absolutamente tranquilo que a vaca é, com toda a certeza, sua !

Um jovem estagiário de advocacia que tinha presenciado as dua consultas, após o segundo cliente ter saído do consultório diz ao patrono :

- Então o senhor doutor disse aos dois litigantes a mesma coisa ! Mas de quem vai ser a vaca afinal ?

Aí o velho advogado respondeu :

- Oh homem cale-se que a vaca é nossa !!!

Saber argumentar é mesmo muito importante !









Programação - Projectos pessoais e familiares

Pensar prospectivamente a vida pessoal é uma competência que cada um de nós deve desenvolver em ordem a uma existência mais organizada e racionalizada num contexto de risco e incerteza como é o actual. Se bem que não possamos ter certezas absolutas a respeito de muitas das variáveis que constituem a realidade de que nós próprios somos parte integrante, podemos e sobretudo devemos, antecipar racionalmente os cenários prováveis da nossa realidade a curto, médio e longo prazo.
Esses cenários envolvem a nossa vida pessoal e necessariamente a de todos aqueles que connosco mais directamente se relacionam, principalmente os membros da nossa própria família.
Pensar prospectivamente significa pensar para a frente, antecipar cenários possíveis e jogar com probabilidades, ou seja programar; ser capaz de conceber faseadamente um conjunto de objectivos e em função dos recursos disponíveis, delinear estratégias em ordem à sua consecução.
Se por exemplo quisermos mudar de casa teremos que nos certificar se teremos as condições necessárias para o fazer de vários pontos de vista, principalmente do financeiro. Obviamente que esse desejo deve decorrer de uma necessidade e a ela devem corresponder os meios que justifiquem e "cubram" o esforço a dispender. Para isso será necessário proceder a um diagnóstico, a uma análise, da situação em termos das razões que nos levam a querer mudar e da verificação de que justificam um novo e tão vultuoso investimento e depois, da inventariação das condições futuras de que permitam suportá-lo.
Como esta situação que pode servir de exemplo, muitas mais, para não dizer todas são planificáveis e optimizáveis em ordem a uma consecução mais plena e proveitosa das metas a que nos propomos ao longo da vida.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mediação Intercultural

A Mediação Intercultural impõe-se como necessidade de fazer fluir a comunicação e logo, o entendimento ( Comunicar, quer dizer isso mesmo-"pôr em comum"), em sociedades multiculturais que pretendam atingir a interculturalidade, condição necessária para a inserção social de todas as comunidades étnico-culturais específicas na comunidade global.
Por vezes e numa situação inicial ,as barreiras constituídas pelo preconceito e pelo estereótipo que vulgarmente enquadram os fenómenos de aproximação de comunidades de proveniências diversas tornam difícil um entendimento imediato, sendo de toda a conveniência o recurso à mediação.
Esta solução de aproximação consiste na utilização de agentes de comunicação e ligação que permitem, pelo profundo conhecimento da realidade dessas comunidades o estabelecimento dos contactos básicos essenciais às primeiras aproximações como quem "quebra o gelo" sem o derreter.
O mediador intercultural funciona assim como um elemento chave para o estabelecimento de um "protocolo" que possibilita a comunicação através do domínio dos códigos cujo desconhecimento é factor de estranheza, afastamento e conflitualidade.

Cidadania : Globalização (Factores e Dinâmicas)

Os factores e as dinâmicas da Globalização são predomiminantemente de carácter económico e financeiro,mas também cultural.

A dinâmica desta fase da globaliização assenta fundamentalmente na livre circulação de mercadorias e na sua livre transacção , no fundo a velha aspiração do comércio livre (Portugal antes de aderir à então CEE, fez parte de uma outra organização europeia, a EFTA-European Free Trade Association, cuja finalidade era a criação de uma zona de comércio livre entre países europeus, sem outros objectivos políticos;tanto que Portugal quando aderiu era governado por um regime ditatorial que só caíu em Abril de 74). Mas na sua actual fase a globalização não se esgota no comércio , é a própria produção e a mão-de obra necessária que podem ser globalmente determinados. Essa determinação tem muitas por factor base o custo do trabalho se bem que esse factor não seja o único, claro que o nível de especialização também é fundamental.

Isto deve-se ao carácter transnacional da organização económica em que grandes empresas ,as chamadas multinacionais, operam à escala planetária seccionando as suas dependências segundo factores de competitividade. Assim é vulgar uma empresa de automóveis por exemplo, ter o centro máximo de decisão na Alemanha, mas as fábricas em Espanha, Portugal ou na Roménia, devido aos custos da mão-de obra serem mais vantajosos (para a empresa claro está !) e ter centros de software na Índia ou na Coreia por questões de especialização local nesse sector para além do reduzido custo local do trabalho especializado quando comparado com o do país sede.

O problema fundamental da actual fase da globalização é que se internacionalizam a produção e a circulação de bens e serviços , mas não se faz o mesmo em relação às condições políticas e sociais o que origina, em relação à fase anterior do Sistema Económico Internacional que assentava no proteccionismo de cada Estado da sua própria economia , através de mecanismos vários como as barreiras alfandegárias ; claros recuos na regulamentação laboral,Como por exemplo nos países ditos desenvolvidos, sem grandes ganhos no desenvolvimento dos outros, todos deixados à voracidade do "mercado" e da sua consequente "lei da selva".
Também factores de ordem cultural integram o processo de globalização, um Mercado Único necessita de uma Língua Franca e essa parece ter sido encontrada no Inglês , versão internacional ; tambem o "american way of life " se tornou no objectivo de vida padrão desejado internacionalmente. Como é também essencial ao processo a instantaneidade das comunicações possibilitado pelas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) eis porque são tão importantes num mundo globalizado as aprendizagens do Inglês e da Informática.