No contexto de uma sociedade democrática, demais a mais, praticamente "governada" pela opinião, a capacidade de argumentar constitui-se como uma competência fundamental para a vida em sociedade.
Efectivamente a distinção entre o modo de vida democrático e todos os outros, encontra-se fundamentalmente na importância da deliberação em orgãos de carácter colegial que implica um processo de tomada de decisões precedido e, muitas vezes, sucedido de debates. Ora nesses debates a força dos argumentos veio historicamente substituir os argumentos da força, típicos das sociedades não democráticas.
Nas sociedades dirigidas por orgãos que se regem por mecanismos deliberativos as ordens política e jurídica, mas também as questões de natureza eminentemente social como os costumes, a moda, a arte, o desporto e todos os fenómenos de massas, são susceptíveis de debates em que a capacidade de argumentar se revela essencial para a conquista da adesão do maior e mais qualificado número de membros do auditório (por vezes uma e outra condição não são totalmente coincidentes) .
Foi na Grécia Antiga que se começou a levantar a importância do debate e da deliberação colectiva como processo de tomada de decisão para os assuntos de natureza pública, precisamente por ter sido em Atenas, velha e próspera cidade-estado da antiga Grécia, que primeiro se constitui um sistema de governo com instituições democráticas em que os cidadãos e ápenas estes, se reuniam em assembleias e tribunais e decidiam dos negócios públicos.
Surgiram então profissionais da formação para o debate, que os cidadãos abastados contratavam para que treinassem os seus filhos nessas artes; esses formadores ficaram conhecidos por "Sofistas" e a técnica em que eram especialistas é a Retórica ou arte de argumentar.
O objectivo da Retórica era e é, persuadir a audiência para que esta apoie determinados pontos de vista em detrimento de outros e para isso chegam-se muitas vezes a utilizar técnicas de manipulação que passam muitas vezes pela adulação do auditório, ou seja, diz-se ao público aquilo que ele quer ouvir. Ora, isto põe geralmente em causa os princípios da seriedade, da verdade e do bem comum, que deverá ser o objectivo final de toda a decisão em termos de políticas públicas.
Para ilustrar o tema deixem-me contar-lhes uma pequena história :
Um camponês acabara de adquirir uma bezerra, mas tendo tido oportunidade de emigrar temporariamente para França, pediu a um vizinho que lhe ficasse com a vitela e assim foi. Durante dois anos consecutivos o nosso emigrante esteve lá fora e não deu novas, nem mandadas e o que cá ficou foi tratando e engordando a bezerra que entretanto se tornou numa enorme vaca leiteira, bem tratada e muito produtiva.
Ao fim dos tais dois anos sem dar notícias, o emigrante regressa à terra natal e vai ter com o vizinho de quem reclama a vaca, o vizinho recusa-se a entregar-lha sem tornas, alegando que durante dois anos contribuira sozinho para o sustento e crescimento da vaca e isso tivera custos, portanto só devolveria o animal contra uma indemnização; o outro recusou-se a dar-lha e o caso foi para tribunal.
Acontece que na vila sede do concelho só havia um advogado (deve ter sido há muito tempo), pelo que num dia foi lá o emigrante e o advogado garantiu-lhe:
- Esteja descansado porque a vaca é sua !
O outro ao ser notificado de que uma queixa relativa à devolução da vaca corria contra ele, decidiu recorrer ao tal advogado que era o único que existia e o causídico à saída do consultório garantiu-lhe peremptoriamente :
-Esteja absolutamente tranquilo que a vaca é, com toda a certeza, sua !
Um jovem estagiário de advocacia que tinha presenciado as dua consultas, após o segundo cliente ter saído do consultório diz ao patrono :
- Então o senhor doutor disse aos dois litigantes a mesma coisa ! Mas de quem vai ser a vaca afinal ?
Aí o velho advogado respondeu :
- Oh homem cale-se que a vaca é nossa !!!
Saber argumentar é mesmo muito importante !
Efectivamente a distinção entre o modo de vida democrático e todos os outros, encontra-se fundamentalmente na importância da deliberação em orgãos de carácter colegial que implica um processo de tomada de decisões precedido e, muitas vezes, sucedido de debates. Ora nesses debates a força dos argumentos veio historicamente substituir os argumentos da força, típicos das sociedades não democráticas.
Nas sociedades dirigidas por orgãos que se regem por mecanismos deliberativos as ordens política e jurídica, mas também as questões de natureza eminentemente social como os costumes, a moda, a arte, o desporto e todos os fenómenos de massas, são susceptíveis de debates em que a capacidade de argumentar se revela essencial para a conquista da adesão do maior e mais qualificado número de membros do auditório (por vezes uma e outra condição não são totalmente coincidentes) .
Foi na Grécia Antiga que se começou a levantar a importância do debate e da deliberação colectiva como processo de tomada de decisão para os assuntos de natureza pública, precisamente por ter sido em Atenas, velha e próspera cidade-estado da antiga Grécia, que primeiro se constitui um sistema de governo com instituições democráticas em que os cidadãos e ápenas estes, se reuniam em assembleias e tribunais e decidiam dos negócios públicos.
Surgiram então profissionais da formação para o debate, que os cidadãos abastados contratavam para que treinassem os seus filhos nessas artes; esses formadores ficaram conhecidos por "Sofistas" e a técnica em que eram especialistas é a Retórica ou arte de argumentar.
O objectivo da Retórica era e é, persuadir a audiência para que esta apoie determinados pontos de vista em detrimento de outros e para isso chegam-se muitas vezes a utilizar técnicas de manipulação que passam muitas vezes pela adulação do auditório, ou seja, diz-se ao público aquilo que ele quer ouvir. Ora, isto põe geralmente em causa os princípios da seriedade, da verdade e do bem comum, que deverá ser o objectivo final de toda a decisão em termos de políticas públicas.
Para ilustrar o tema deixem-me contar-lhes uma pequena história :
Um camponês acabara de adquirir uma bezerra, mas tendo tido oportunidade de emigrar temporariamente para França, pediu a um vizinho que lhe ficasse com a vitela e assim foi. Durante dois anos consecutivos o nosso emigrante esteve lá fora e não deu novas, nem mandadas e o que cá ficou foi tratando e engordando a bezerra que entretanto se tornou numa enorme vaca leiteira, bem tratada e muito produtiva.
Ao fim dos tais dois anos sem dar notícias, o emigrante regressa à terra natal e vai ter com o vizinho de quem reclama a vaca, o vizinho recusa-se a entregar-lha sem tornas, alegando que durante dois anos contribuira sozinho para o sustento e crescimento da vaca e isso tivera custos, portanto só devolveria o animal contra uma indemnização; o outro recusou-se a dar-lha e o caso foi para tribunal.
Acontece que na vila sede do concelho só havia um advogado (deve ter sido há muito tempo), pelo que num dia foi lá o emigrante e o advogado garantiu-lhe:
- Esteja descansado porque a vaca é sua !
O outro ao ser notificado de que uma queixa relativa à devolução da vaca corria contra ele, decidiu recorrer ao tal advogado que era o único que existia e o causídico à saída do consultório garantiu-lhe peremptoriamente :
-Esteja absolutamente tranquilo que a vaca é, com toda a certeza, sua !
Um jovem estagiário de advocacia que tinha presenciado as dua consultas, após o segundo cliente ter saído do consultório diz ao patrono :
- Então o senhor doutor disse aos dois litigantes a mesma coisa ! Mas de quem vai ser a vaca afinal ?
Aí o velho advogado respondeu :
- Oh homem cale-se que a vaca é nossa !!!
Saber argumentar é mesmo muito importante !