domingo, 29 de abril de 2007

O Objecto da Ética na FMC de Kant

No Prefácio à Fundamentação da Metafísica dos Costumes Kant explica o objecto da Ética, considerando que tradicionalmente a velha Filosofia grega se dividia em três ciências: a Física, a Ética e a Lógica.
A Lógica não tem qualquer parte empírica ou seja, o seu objecto será pensamento puro e a sua expressão, será uma ciência puramente formal.
Já a Física e a Ética possuem ambas a sua parte empírica: a primeira, enquanto ciência da natureza, tem por objecto o mundo dos fenómenos, ou seja, o mundo como é; e a segunda, enquanto " ciência da liberdade" terá por objecto, o mundo como deve ser e também a avaliação das razões que fazem a diferença entre o que deveria acontecer e o que realmente acontece.
Outra noção importante da Ética kantiana expressa na FMC é a da insistência do autor na diferença entre conformidade e respeito, indo ao ponto de afirmar que mesmo no feliz acaso de uma alma generosa que encontre comprazimento em semear o bem, esse não será motivo de respeito mas tão só digno de ser honrado, uma vez que a motivação em que assenta não é o puro dever, mas a auto-gratificação.
Esta é a caracterização mais essencial da Ética kantiana enquanto Ética deontológica , as acções não valem em si, mas valerão no enquadramento global que começa na intenção; eis porque uma boa acção realizada por menos bons motivos perde o seu estatuto de acto puramente moral.
Um terceiro aspecto importante que é de salientar, é o da necessidade do imperativo categórico que o autor faz radicar na imperfeição constitutiva da vontade humana. Uma vez que a vontade humana não é a priori determinada pela razão e bem pelo contrário, é mais facilmente influenciável pela imediatez da inclinação, ou pelo cálculo oportunista do interesse , o sujeito terá de se vincular ao plano da razão através de um mandamento absoluto e incondicionado, patente no imperativo categórico, que Kant considera o mandamento da moralidade por excelência. O imperativo categórico, por contraposição ao imperativo hipotético não considera apenas meios para atingir fins, mas centra-se na finalidade em si mesma: o que está em causa não é a mera adequação das acções capazes de produzir um determinado resultado, mas o princípio em si mesmo que traduz uma finalidade boa em si mesma, sem que se parta de qualquer " se", que afinal, constitui o termo inicial da formulação do imperativo hipotético. " Se" traduz suposição, condição, hipótese; o imperativo categórico, pelo contrário, ordena categoricamente.

2 comentários:

imank disse...

Tentei várias vezes entrar no blogg mas apresenta-me outra página que não corresponde a que quero, isto acontece muitas vezes. Neste caso envio por email as respostas às perguntas que me foram enviadas no domingo. Mais uma vez pesso desculpas pela demora pois não tenho tido condições melhores para desenvolver este trabalho.

Ficha formativa:



1. Caracterize a Ética enquanto ciência da liberdade.

A ética não trata das coisas propriamente como elas são mas sim como devem ser, e determina os motivos que fazem com que as coisas que devem ser ou acontecer não aconteçam. A realidade dos factos nunca corresponde ao ideal dos valores. Não parte da ideia das coisas como são mas de um dever universal, ideal e racional. O autor diz que todos nós temos a faculdade da razão, que possuímos a clarividência necessária para distinguirmos o bem do mal, tendo discernimento e esta fonte provém sempre do sujeito.



2. Distinga,

conformidade e respeito pela lei moral.

A conformidade é algo que exerce uma função bem contrária do respeito moral. Quando agimos em conformidade com a lei moral estamos a gir com segundas intenções, estamos a fazer tudo em conformidade apenas para demonstrar aparências, para fazer ver aos outros que estamos a realizar algo e este algo pode ser bom aos olhos dos outros mas não o é a luz da lei. Assim podemos utilizar como exemplo o facto de alguém fazer caridade, ajudar várias pessoas que tem determinadas necessidades porém, se eu não souber de nada além de que certa pessoa está a ser ajudada pensarei que está a gir tão somente por respeito e que não tem nenhuma segunda intenção. Já se as ditas pessoas necessitadas de ajuda tem bons recursos financeiros, boa casa etc, agir em conformidade com a lei é fácil pois penso que estas pessoas sentindo-se muito agradecidas ao meu trabalho podem me dar uma boa recompensa, incluindo-me num testamento por exemplo. Já agir por respeito implica algo bem mais profundo, boa vontade, pureza e totalidade de carácter, implica em realizar as coisas por respeito a lei moral e por pensar que é bom tão somente porque é moral e para respeitar a lei moral é preciso ter realmente um estado de grandeza interminável para poder permitir que assim seja.



3. Esclareça a função do imperativo categórico na Ética kantiana.

Os imperativos categóricos tem a função de representar as acções como sendo necessárias por si mesmas. Nos ipotéticos há sempre uma finalidade para a acção, nos categóricos não há qualquer finalidade além da própria acção. A acção é boa por si própria e em si mesma. É uma imposição que o sujeito faz, a si próprio no sentido de previlegiar a moral.



Cumprimentos, simone

imank disse...

Simone,acabei de ver a mensagem que me enviou via mail e compreendi as dificuldades que me expôs.
Não existe qualquer problema em continuar a utilizar o mail como forma de comunicação, uma vez que não tem conseguido aceder directamente ao Blog. Todavia, peço-lhe que continue a tentar.
No entanto, se não conseguir, continue a usar o mail, pois as mensagens e actividades que concretizar, poderão ser enviadas indirectamente para o Blog.

Até logo,
António José